27 de julho de 2011

Leonce e Lena - FIM

Escrito em 1836, o texto de Georg Buchner ainda nos traz muita reflexão.

Ao que parece a história simples de Leonce e Lena é bobinha, pois trata apenas de um conto de amor (?). Mas se percebermos bem, não é só isso.

Com todos os seus personagens que parecem sérios, mas que por traz escondem a sua mensagem, essa simples historinha consegue nos provocar até hoje, tocando em assuntos sérios, como por exemplo: Ética (que foi o tema da mostra do Macunaíma).

Viajar por esta história foi, sem dúvida, um grande aprendizado intelectual, como atores e, sem dúvida alguma, como pessoa.

A história questiona, entre outras coisas, o tédio, o amor, a atitude, o conformismo...

Falar de Leonce e Lena hoje em dia, pode soar até como bobagem. Mas bobo é aquele que se apega a certezas e não vai atrás de buscar o incerto e, por quê não, aprender com ele.

Este semestre foi realmente especial para o grupo.

Evoluímos e crescemos e, Leonce e Lena nos trouxe este crescimento e talvez um pouco de maturidade.

Estudamos mensagens que queríamos dizer ao mundo, escutamos as mensagens um do outro e, trabalhamos em forma de equipe para montar este espetáculo.

E, como eu já havia dito, não há como negar, Leonce e Lena nasceu em nós e carregamos hoje as mensagens que ontem talvez nem sabíamos que traríamos.

Parece que em 1836 Georg Buchner já sabia bem o que questionar no mundo. Coisas que ainda questionamos.

Saliento algumas coisas do texto que acredito que valem à pena serem relembrados:

"O tédio é a origem de todos os vícios. O que as pessoas não fazem por um bom tédio?"

"Você não tem pai nem mãe, apenas as cinco vogais juntas o criaram.

E você, meu príncipe, é um livro sem letras, apenas com reticências e nada mais"

"Eu poderia amar, por que não? A gente caminha tão só e tateia por uma mão que nos segure, até que venha o anjo da morte, separe as mãos e as cruze, sobre o peito de cada um. Mas por quê bater um prego através de duas mãos que não se procuravam, o que fez minha mão?"

"Me sinto como se estivesse preso em uma sala cheia de espelhos onde não posso ousar esticar os braços, senão os espelhos cairiam e ficariam ao chão quebrados e me deixariam diante da parede lisa e nua."

"E a minha palavra real?

Console-se sua majestade, com outras majestades. Uma palavra real é uma coisa que... que... que nada é."

"Porque eu entendo que se um corpo tá cansado, ele encontra qualquer lugar para repousar, mas e quando o espírito está cansado, onde ele vai repousar?"

"Ergo Bibamus. Essa garrafa não é uma idéia, não é uma amante, ela não sofre das dores do parto. Ela é sempre a mesma, da primeira a última gota. Basta que você tire o lacre dele para que todos os sonhos que nela dormitam, jorrem ao seu encontro."

"Sempre? Sempre é uma palavra muito comprida. E se eu te amar por mais 5 mil anos e 7 meses, é o suficiente?"

Não... nenhuma palavra é suficiente para expressar o quão bom foi fazer Leonce e Lena, o quão aprendemos com o texto, com as pesquisas e o quanto evoluímos.

Nos despedimos aqui deste semestre maravilhoso e desse texto tocante.

Com toda a certeza Leonce e Lena deixaram seus filhos... e cada um de nós levará um deles!

Agradeço aqui a:

Felipe de Menezes - Diretor
Eli Ridolfi - Assistente de Direção
Fernando Alves - Som
Marco Souza - Luz

e

Alessandra Ganan
Bruna Faggion
Camila Vidigoi
Deborah Carvalho
Fabiana Zanelli
Joca Sanches
Mariana Maciel
Murilo Rocha
Nilsete Souza
Ricardo Barros.

E a todos que nos assistiram.

"Nossa dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos. Nós ainda somos os mesmos e vivemos. Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais"

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